Uma boa fotografia é feita de vários elementos, um deles é a composição.
Da mesma forma, uma boa pintura precisa ser bem composta.
Quando uma imagem tem uma boa composição, as coisas parecem mais harmoniosas e confortáveis de olhar. É como se os seus olhos soubessem onde eles deveriam focar, a própria imagem informa como ela deve ser ‘lida’.
Eu não sou nenhum especialista, mas sei que até mesmo em um roteiro de filme, tudo precisa estar bem amarrado, se um elemento, objeto ou personagem não é importante para a história ele não deve receber atenção, e muito provavelmente precisa ser eliminado.
Uma obra de arte, seja uma foto, pintura, filme, ou livro, nascem de um esforço consciente e intencional. E isso me fez pensar sobre como a nossa vida não está tão longe dessas obras.
Todos nós estamos ‘escrevendo’ nossa história. Alguns de maneira mais consciente do que outros, mas ainda assim, todos construímos algo todos os dias. Cada ação, uma pincelada no quadro da nossa vida, uma nova frase no livro da nossa história.
Então, se quero fazer algo da minha vida, assim como um artista tem a intenção de criar uma obra, eu também preciso cuidadosamente compor a imagem da minha vida, de acordo com aquilo que é importante para mim, pensando no tipo de história que estou escrevendo todos os dias.
Por isso essa semana, um elemento muito importante da composição de uma obra ficou martelando em minha mente: a eliminação.
Um dos trabalhos mais importantes é a edição, e dentro desse trabalho, a eliminação de tudo aquilo que é desnecessário. Se pensarmos em uma foto, ela tem um ponto focal, se introduzirmos um elemento que compete com ele, a imagem perde harmonia e gera um desconforto na pessoa que olha, muitas vezes esse incomodo que é difícil de explicar, é resultado de ruídos que competem ou atrapalham a navegação dos olhos pela imagem, para que possam repousar no ponto mais importante da imagem.
Eu já escrevi outras vezes sobre esse tema de eliminar coisas, porém, ele continua a se mostrar um grande desafio. Sempre precisarei eliminar tudo que me distrai e compete com aquilo que é o ponto focal do que estou tentando fazer no momento.
Essa semana, um acontecimento demonstra bem tudo isso na prática. Terça-feira me senti profundamente desanimado. Sem muito desespero, quando tive algum tempo, peguei meu caderno e comecei a escrever sobre esse sentimento e em poucos minutos percebi que eu estava tentando fazer coisas demais, permiti que medo e confusão me levassem a aceitar atividades e me impor tarefas desnecessárias.
Mais alguns minutos de escrita, e eu tinha em mãos quais eram esses elementos. Abri minha agenda e comecei o trabalho de edição. A pergunta era: quais são as coisas competindo pela minha atenção? Dessas coisas quais tiram a atenção que devia estar no meu ponto focal? Sem dó, nem piedade, todas foram sendo eliminadas.
A cada elemento desnecessário cortado, meu coração ficava um pouco mais leve, e aos poucos a alegria começava a retornar a mim. Ao final do dia, eu estava novamente empolgado.
Entre nossos muitos defeitos, sempre fazemos questão de lembrar de tudo, menos das coisas mais importantes. Por isso, eu coloquei como um ritual diário e uma atividade a ser protegida com unhas e dentes, me lembrar todos os dias qual é o quadro que estou pintando. E esse hábito, sozinho, tem me permitido andar em frente, e não mais em círculos.
Quase sempre a pergunta certa vai ser: o que eu preciso tirar da minha vida?
O ambiente sempre vai te dizer que você precisa de mais, colocar mais coisas na agenda. Não permita, corte, elimine, como se a sua vida dependesse disso, pois, de certo modo, depende mesmo.
Obrigado por ler, e até a próxima.
Sábadoria
A curadoria aleatória de todo sábado.
Essa semana vou recomendar um filme que eu já assisti algumas dezenas de vezes:
Hércules
É sem dúvida, um dos meus filmes favoritos durante a infância e continua a ser até hoje. O filme foi lançado em 1997, eu assisti a primeira vez em VHS. Se você não sabe o que é VHS, procura no Google, e isso também quer dizer que você não assistiu esse Hércules de 97, o que significa que você precisa assistir.
Além de ser divertido, a animação é ótima, contrasta muito quando comparado com filmes atuais e de quebra, tem as melhores cenas musicais da Disney, lembrando que eu odeio cena musical em filme.
Newsletter de sábado maravilhosa como sempre. Parabéns! E provavelmente vou ver Hércules de 97, totalmente divertido também.
E em adição ao seu texto, escrita tem sido algo muito interessante, e no meu trabalho tenho aplicado conceitos de um livro que estou já gostado, chamando "Como escrever boas notas: Uma técnica simples para melhorar a escrita, o aprendizado e o raciocínio"
É um livro de intuito acadêmico, mas como é bom escrever e organizar pensamentos! Espero que te ajude também quando for fazer alguma nova newsletter, vale total leitura!
Muito obrigado pela news!